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Ijtihad e os Companheiros Author : Sayyd Ibn Tawus

 

Uma anallise sobre a validade da crença dos sunitas a respeito do Ijtihad usado pelos companheiros.

Neste artigo nOs analisaremos uma das crenças fundamentais da Ahl’ul Sunnah: o ijtihad usado pelos companheiros. A nossa intençao aqui nao E insultar ninguEm, mas fazer uma anallise objetiva desse componente central dentre as crenças dos seguidores dos companheiros.
No Islam todos sao iguais aos olhos de Allah (swt). O Alcorao E um cOdigo de vida para nOs muçulmanos e, como tal, nOs devemos pautar nossas vidas em conformidade com as prescrições dele e da Sunnah. Se nOs olharmos para os paises muçulmanos hoje em dia, nOs veremos lideres saqueando as riquezas das nações; eles geralmente colocam seus amigos e parentes nas posições de poder e pilham o eralrio estatal.

Eles cometem atos que provocam a repugnância do grande público e mesmo assim eles permanecem acima da lei; você nao pode questionar as suas ações. NOs odiamos isso, nOs acreditamos que eles devem ser chamados a prestar contas; responsabilidade pelos seus atos E um componente-chave no Islam, independente de quem você seja, de quem você conheça, e com quem você tenha relações. NOs temos o versiculo do Alcorao que deixa claro que nOs seremos julgados de acordo com as nossas ações no Dia do Juizo. AlEm disso, nOs temos registrado nos livros de hadith o seguinte incidente:

“Uma mulher pertencente a uma nobre e proeminente familia foi presa em conexao com um roubo. O caso chegou ao Profeta e foi sugerido que ela fosse eximida da puniçao. O Profeta respondeu: ‘As nações que nos precederam foram destruidas por Deus porque elas puniam os homens comuns pelos seus delitos enquanto seus dignitalrios ficavam impunes pelos seus crimes. Eu juro por Aquele (Deus) que detEm a minha vida em Sua mao que mesmo que Faltima, a filha de Muhammad, houvesse cometido esse crime eu teria amputado a sua mao’”. 1

Esse evento deixa absolutamente claro que:

- Todos sao responsalveis por suas ações.

- Você seral responsalvel pelas suas ações independente da sua nobreza.

Essa E a justiça de Allah (swt), a justiça que o Islam proclama. Diante dessa evidência inequivoca, como você se sentiria se fosse feita uma legislaçao declarando que você nunca poderal questionar as ações dos membros do partido dominante, independente do que eles fizerem? Uma pessoa sensata aceitaria tal lei? E claro que nao, pois isso seria uma clara violaçao ao Corao e a Sunnah. Tendo isso em mente, E uma infelicidade que a seita majoritalria tenha formulado uma opiniao de que se os companheiros cometem tais violações, eles nao estao no erro e nem sao responsalveis perante Allah (swt), mas estao apenas cometendo erros em Ijtihad.
Esta E a Fatwa do escolalstico Wahabi Sheik Muhammad al-Saleh ul-Uthaimin sobre essa questao:

“NOs acreditamos que as disputas que ocorreram entre os companheiros do Profeta foram o resultado de interpretações sinceras que eles deram duro para alcançar. Quem quer que esteja certo dentre eles seral recompensado duas vezes e quem quer que esteja errado dentre eles seral recompensado uma vez e seu erro seral perdoado.” 2
Que tipo de justiça E essa? Se os companheiros cometem um delito eles nao somente nao serao responsabilizados por eles como tambEm serao perdoados e recompensados por isso! Se atE mesmo a amada filha do Profeta (s) nao estal acima da lei por que os companheiros estariam?

No nosso dia-a-dia, nOs como pessoas faliveis, cometemos erros. NOs agimos de uma forma que nao condiz com o comportamento de um crente. Contudo, quando nOs cometemos tais erros, nOs imaginamos que essas ações merecem os louvores de Allah (swt)?

E um balsico principio da razao que se dois grupos têm uma disputa ambos podem estar errados, mas nunca os dois podem estar certos. Aplicando esse raciocinio às batalhas de Jamal e Siffin, tanto os assassinos como os assassinados estarao no Paraiso porque ambos estavam certos?

Um juiz, por exemplo, ao ouvir uma disputa entre dois grupos jamais iral decidir que os dois grupos estao certos e que ambos devem ser recompensados pelo seu papel na disputa. Seria uma conclusao ainda mais absurda achar que o juiz depois de decidir que um dos grupos estal certo no seu pleito e premial-los por isso, voltar para o outro lado perdoando-os e recompensando-os por seus delitos.

E esse um conceito racional? Se um juiz jamais se comportaral de tal injusta maneira, você realmente acredita que o maior de todos os juizes, Allah (swt), agiria de tal forma?
A realidade E que esse conceito foi desenvolvido pelos escolalsticos para dar total imunidade para aqueles companheiros que cometeram pecados mais graves. Enquanto o leitor casual fica horrorizado com as ações deles, a sua crença de infância de que as ações dos companheiros foram erros pelos quais eles serao recompensados tem efetivamente subjugado a maioria, a ponto de eles nao refletirem a respeito do que eles lêem.

Nunca o desejo de acreditar em erros em Ijtihad tem sido mais importante para os seguidores dos companheiros do que quando eles olham para as batalhas de Jamal e Siffin. Aqui dois grupos de companheiros se encontraram no campo de batalha e lutaram uns contra os outros. Os mesmos companheiros que haviam sentado ao lado do Profeta (s) estavam assassinando-se mutuamente.

Como essas batalhas sao fatos inegalveis e uma leitura desconfortalvel para escolalsticos cuja atitude tem sido de que todos os companheiros sao justos, o conceito de Ijtihad provou ser uma “clalusula de proteçao”, um meio de manter crenças diante de fatos que de outra maneira criariam dúvidas sobre aquelas crenças.

Ibn Khaldun exemplifica esse pensamento do seguinte modo:

“Atençao! Nao falem mal de nenhum deles. AlguEm deve achar alguma justificativa para cada grupo, pois eles merecem ser altamente prestigiados por nOs. Eles divergiram em principios e lutaram legitimamente no conflito. Todos aqueles que foram mortos ou assassinados estavam lutando no caminho de Deus para defender a verdade e a justiça. Ao contralrio, eu acho que as suas diferenças foram uma bençao para as gerações posteriores para que cada um pudesse escolher qualquer um deles como orientador e Imam. Mantenha isso em mente e tente entender a sabedoria divina que governa o mundo e os seres”. 3
Deve-se salientar que tanto Shias quanto Sunnis aderem ao conceito de Ijtihad como uma fonte legitima de Lei Islâmica. NOs, contudo, afirmamos que ijtihad sO pode ser exercido quando nao houver uma regra clara no Alcorao ou na Sunnah com relaçao a um assunto particular. Ijtihad E, portanto, a última alternativa, ele nao pode ser utilizado quando as soluções sao evidentes no Alcorao e na Sunnah e, sobretudo, Ijtihad nunca pode ser exercido quando ele estal em contradiçao com o Alcorao e a Sunnah.

O Alcorao E um documento obrigatOrio para todos nOs. Os muçulmanos sao irmaos uns dos outros e, no entanto, um grupo se rebela contra o lider, se recusa a submeter-se a ele, declara guerra contra o mesmo, uma guerra que deixa milhares de mortos, e tudo isso foi feito no interesse da verdade e da justiça, e pelo bem do Islam? Por acaso nOs temos evidência de tal pensamento no Alcorao e na Sunnah?

O que deu o direito a um grupo de se rebelar e se comportar dessa maneira contra um Califa a quem a vasta maioria dos muçulmanos considerou legitimo? Seral que essas ações nao estabelecem um precedente segundo o qual se você nao concordar com um determinado Califa você tem o direito de armar uma rebeliao armada contra ele? Seral que o cidadao comum nao iral adotar o ponto de vista de que enfrentar um lider por causa de uma diferença de opiniao atravEs de uma rebeliao armada nao E apenas bom como tambEm acarretaral recompensas, mesmo que isso esteja errado?

O Alcorao Sagrado declara de forma categOrica:

“E quem matar um crente intencionalmente, sua recompensa seral o Inferno onde permaneceral eternamente e Allah o abominaral e amaldiçoal-lo-al e prepararal para ele um doloroso castigo” (3:93).

A HistOria testifica que durante as batalhas de Siffin e Jamal 70.800 muçulmanos perderam suas vidas. Com esse versiculo em mente, qual E a posiçao dos assassinos aqui? Esse versiculo nao E aplicalvel a eles? Se esses individuos se opuseram ao Califa da Epoca e foram responsalveis pela disseminaçao de fitnah (dissensao) e assassinatos, qual seral a posiçao deles no Dia do Juizo?

Se nOs aceitarmos esse argumento como correto, entao por que motivo toda e qualquer disputa deve ser resolvida no tribunal? Afinal de contas, se existe uma disputa entre dois grupos de muçulmanos, por que eles devem ser punidos?

Nao podem eles alegarem que estavam apenas seguindo o caminho dos companheiros e que quem estiver correto dentre eles receberal duas recompensas de Allah (swt) e quem estiver equivocado receberal uma recompensa e seral perdoado? Seral que eles nao se sentirao encorajados a continuar a lutar e a matar uns aos outros do mesmo modo que os companheiros fizeram?

O Afeganistao E uma terra que tem sido infestada por uma Guerra Civil entre facções muçulmanas? Cada grupo acha que estal certo e que o outro estal errado, e, dessa maneira, os outros E que devem submeter-se a eles. Seria correto dizer, entao, que todos eles estao trabalhando sinceramente pelo bem do Islam e que, por conseguinte, serao recompensados; e que eles devem continuar se matando tendo em vista que suas ações, se errôneas, equivaleral a erros em Ijtihad pelo qual eles receberao uma recompensa? Pode alguma pessoa sensata aceitar tal pensamento?
O Islam nao E uma religiao de confusao, mas sim a religiao da verdade inequivoca. Ele possui regras e regulamentos claros. Da mesma maneira, um erro nao justifica outro. Assim sendo, como E que dois grupos assassinando-se mutuamente podem estar corretos!? Ou ambos estao errados ou um grupo estal errado e o outro correto. Quando a Ulema Sunni reconhece que Ali (as) estava certo, entao eles sao forçados a admitir que seus oponentes estavam errados, dai o pensamento do famoso escolalstico Sunni do Subcontinente Indiano, Qazi Thana Ullah Panii Puthii.

“Aqueles que disputaram com ele estavam no erro, mas nOs nao devemos pensar mal de nenhum Sahaba”. 4

Reconhecer a culpa dos oponentes de Ali constitui algo dificil de eles engolirem, dai o desenvolvimento da crença de que o erro foi um erro de interpretaçao religiosa em Ijtihad pela qual eles receberao uma recompensa de Allah (swt). Cabe salientar que isso nao foi um insignificante erro em Ijtihad, mas um erro que levou à desordem social entre os muçulmanos, à anarquia e ao derramamento de sangue no campo de batalha, a despeito do fato de que o Profeta (s) havia advertido os companheiros durante a sua peregrinaçao:

“Nao retornem à incredulidade depois de mim golpeando (cortando) os pescoços uns dos outros”. 5

Seral que Allah (swt) recompensaral tais atos de insurgência? Se o prOprio Profeta afirmou que puniria a sua filha se ela cometesse um roubo, o que dizer daqueles que promoveram insurgência e causaram a morte de milhares de muçulmanos, tudo porque eles interpretaram o Islam de uma maneira diferente? Allah (swt) iral recompensal-los ou iral chamar tais individuos a prestar contas dos seus atos? E um argumento plausivel dizer que essas ações nao serao questionadas porque foram os companheiros que a cometeram? A Sharia nao se aplica a todo mundo? Existe uma regra para os muçulmanos e outra para os companheiros de tal modo que hal uma total imunidade para eles?

A Batalha de Siffin ocorreu quando Muawia recusou-se a abandonar o seu posto como Governador da Siria em decorrência da nomeaçao de Ali como o quarto Califa. Apesar das inúmeras correspondências que o Imam Ali (as) enviou a Muawia, ele se recusou a abdicar da sua autoridade, obrigando o Imam a lançar uma guerra contra ele e contra seus aderentes.

Agora, qual foi o Ijtihad utilizado por Muawia nesse caso que justificasse suas ações de tal maneira que ele tivesse que ser resolvido atravEs de derramamento de sangue? Os escolalsticos da Ahlul Sunnah afirmam que ele queria que os assassinos de Uthman fossem punidos. Mas qual foi o versiculo do Alcorao que ele interpretou que justificasse a sua rebeliao e campanha armada contra o Califa da Epoca? Que Ijtihad Muawia usou que justificasse sua oposiçao contra Ali (as) e que supostamente daria a ele uma recompensa de Allah (swt)? Apesar disso, os escolalsticos continuam tentando encobrir o episOdio ao limital-lo a uma simples interpretaçao religiosa. Ghazzali simboliza isso da seguinte maneira:

“Quanto à batalha entre Muawia e Ali, ela foi o resultado de diferenças de opiniao para descobrir a verdade atravEs de Ijtihad”. 6

E que descoberta! Uma jornada de descoberta incitando Odio e oposiçao armada contra o Califa que resultou numa batalha de 110 dias que deixou o campo de Siffin coberto de cadalveres? Baseado em quê Muawia receberal uma recompensa de Allah (swt)? O que exatamente eram essas “diferenças”? Deixemos que o escolalstico Wahabi al-Aqad responda a essa pergunta:

“Nao foi um conflito entre dois individuos, mas entre dois sistemas, que, na fraseologia moderna, pode ser denominado como um conflito entre duas escolas de pensamento. De fato, (ele representou) o choque entre o sistema do Califado (representado por Ali) e o sistema da administraçao (representado por Muawia b. Abu Sufian)”.7

Portanto, Muawia nao queria, em essência, perder o seu poder e isso lhe conferiu o direito de se rebelar contra o seu lider e assolar a Ummah (Comunidade) com uma segunda guerra civil. E tudo isso foi feito pelo bem do Islam. E Muawia seral recompensado por ter exercido Ijtihad que incidentalmente foi um “erro”! Pode alguEm compactuar com tal ponto de vista que explica Siffin como um erro pelo qual ninguEm deve ser responsabilizado? E muito dificil que uma pessoa sincera concorde com esse raciocinio. Nao obstante nOs vemos reconhecidos escolalsticos Sunni como Ibn Khaldun fazendo exatamente isso:

“A postura adotada por Ali nessa disputa foi absolutamente correta, apesar de que nenhuma mal intençao pode ser atribuida a Muawia. Ele estava bem intencionado, mas cometeu um erro. Portanto, todos os grupos estavam justificados no que concerne àquilo que os motivaram. Mas uma peculiaridade do poder E que ele faz com que você o queira somente para você, sem dividi-lo com os outros. Nao era possivel a Muawia abandonar essa peculiaridade nem para seu povo e nem para si prOprio. Esse foi um traço natural exacerbado pelas as suas prOprias predileções e pelo apoio que o individuo recebe de sua familia e de sua tribo”. 8

Logo, Muawia se rebelou contra o Imam Ali (as) devido ao seu exercicio de Ijtihad, sendo esse Ijtihad o seu desejo de se manter no poder e por isso ele seral recompensado! O leitor deve fazer a seguinte pergunta: que beneficio Siffin teve para os muçulmanos para merecer uma recompensa de Allah (swt)?
Esse raciocinio tem sido desenvolvido para manter o status quo, para manter a crença de que todos os Companheiros sao justos e que eles nunca cometem erros pelos quais eles possam ser admoestados. A Ulema Sunni sabe muito bem que a histOria nao pode corroborar isso e, conseqüentemente, eles procuram convencer os seus aderentes a aceitar cegamente esse raciocinio como parte de sua crença.

A Ulema sabe muito bem que eles estao tentando encobrir a verdade e isso fica evidente no comentalrio do escolalstico Wahabi Sheik Naasir al-Aql:

“Os nobres companheiros sao todos dignos de confiança (uduul) e sao os melhores dessa Ummah. E necessalrio abster-se de entrar em diferenças que ocorreram entre eles e deixar de discutir a questao para nao diminuir a posiçao e o status deles”.9

O que nOs devemos nos perguntar E o seguinte: se os companheiros sao de fato fidedignos entao qual E o motivo de tanta preocupaçao? Se eles sao todos de fato tao fidedignos assim, entao nao hal nenhum risco de que a dignidade e a posiçao deles sejam diminuidas atravEs de discussões a respeito das suas disputas. O fato de se deixar de discutir um assunto E uma clara evidência da intençao de se encobrir algo desagradalvel. Se nao hal nada a esconder entao qual o motivo da insistência em nao se discutir esses assuntos? Se os companheiros sao de fato a melhor das gerações, entao nOs devemos investigar tanto as suas concOrdias quanto as suas discOrdias a fim de aprender lições daquelas diferenças.

Essa atitude nao se parece com a crença cega dos cristaos na Biblia? Quando as contradições sao trazidas à luz, o clero insiste que você nao deve se ater a isso, mas pelo contralrio, deve aceitar cegamente o Livro como sendo a palavra de Deus, livre de erros.

A Igreja CatOlica Romana segue uma abordagem similar. Seus aderentes sao ensinados a crer cegamente na infalibilidade Papal e sao proibidos de pensar que eles possam cometer transgressões, tanto no passado quanto no futuro. Muitos revertidos se livram das algemas de tal crença cega quando eles abraçam o Islam, mas mesmo assim eles sao orientados a aceitar cegamente algo que nao condiz com a histOria. Seral que a consciência realmente se sente tranqüila com tal crença: “nao pense e nem investigue a histOria e sequer pense a respeito disso, apenas acredite no que nOs estamos dizendo porque nOs somos Ulema?” Qual a diferença entre essa atitude e aquela adotada pela hierarquia catOlica?
Curiosamente esse conceito sO E aplicado às duas batalhas ocorridas durante o Califado do Imam Ali (as)! Durante o reinado de Hazrath Abu Bakr, ele travou uma guerra contra aqueles que se recusaram a pagar o zakat a ele. A Ulema Sunni nunca tomou esses atos como erros em Ijtihad.

Ao contralrio, uma opiniao totalmente diferente E formulada. O falecido escolalstico Sayyid Abu Ala Maududi, em seu livro “Murtad ki Saza” (Puniçao do ApOstata) afirma que aqueles que deixaram de pagar o Zakat se tornaram apOstatas porque eles se rebelaram contra o Califa da Epoca.10

Curiosamente quando os companheiros se rebelam contra o Imam Ali (as) e iniciam uma guerra contra ele, o mesmo raciocinio nao E aplicado. Diante desse problema, o mesmo Maududi em outro trabalho seu sob o titulo de “Khilifath aur Mulukiat” (Califado e Monarquia) reflete as crenças ortodoxas da Ahlul Sunnah retratando as rebeliões como erros em Ijtihad pelos companheiros.

Um erro em Ijtihad E um conceito que foi formulado especificamente para defender aqueles companheiros que desembainharam suas espadas contra Ali (as). Por outro lado, a Ahlul Sunnah proclama com orgulho a importância de se aderir a Jama’ah e de nao se rebelar contra um lider, observando que fazê-lo E um grave pecado. Entretanto, quando sao os Companheiros que se rebelam, para citar o escolalstico Wahabi Nadwi, “A seita Ahlul Sunnah dos muçulmanos E unânime no ponto de vista de que Ali tinha o direito legitimo de assumir a funçao do Califado”11, estal tudo O.K., isso E apenas um simples erro pelo qual eles serao recompensados!

Em Sahih al-Bukhari nOs constatamos que Abdullah ibn Umar dissuade a Ummah de quebrar o juramento de fidelidade à Yazid, baseando-se num hadith segundo o qual tais pessoas serao elevadas como traidores no Dia do Julgamento. 12

Curiosamente, esse hadith E citado para apoiar o tirano Yazid apOs o evento de Herra quando ele ordenou que seu exErcito saqueasse Madina; isso resultou no massacre dos companheiros e em estupros em massa de grupo de mulheres. Aqueles que deram as costas à Yazid serao elevados como traidores no Dia do Julgamento por terem rompido seu juramento de fidelidade, ao passo que companheiros como Talha e Zubair que quebraram o juramento de fidelidade dado a Ali (as) e que lutaram contra ele nao sao rebeldes, mas apenas companheiros que cometeram erros em Ijtihad, erros pelos quais eles serao recompensados. O que E pior, se rebelar contra Yazid ou contra Hazrath Ali (as)? Se aqueles que se rebelaram contra Yazid serao elevados como traidores no outro mundo por que motivo aqueles que se rebelaram contra Hazrath Ali (as) tambEm nao o serao?

Isso nao E uma clara contradiçao? Se Muawia se rebela contra o Imam Ali (as) isso E apenas um erro em Ijtihad, se Abu Bakr nega à filha do Profeta Sagrado (s) sua herança em violaçao ao Alcorao isso nao E um erro em Ijtihad, mas pode ser retratado como “questões insignificantes” e “equivocos”. 13

Que tipo de lOgica E essa? Erros em Ijtihad sao seletivamente aplicados. Eles podem ser aplicados aqui, mas nao ali!

Esse tipo de atitude incoerente em nada difere das diferentes formas com que o Ocidente lida com os ditadores. O governo norte-americano, por exemplo, isola e impõe sanções contra Burma pelas suas violações aos direitos humanos, mas nao contra a China. Quando Madelaine Albright, a ex-secretalria de Estado, foi perguntada numa certa ocasiao em 1998 por que razao isso acontecia, ela respondeu de forma inequivoca: “diferentes estratEgias para diferentes povos”. Nao E essa a mesma abordagem adotada pelos seguidores dos companheiros quando eles analisam a guerra entre os mesmos?
O Profeta Sagrado (s) havia dito ao Imam Ali (as):

“O Ali! Em breve um grupo rebelde lutaral contra ti e tu estarals com a verdade. Quem nao apoial-lo nesse dia nao seral dos nossos”. 14

O falecido escolalstico Wahabi Sayyid Abul Ala Maududi em seu “Tazim ul Quran” reúne as opiniões da Ulema Ahlul Sunnah sobre Um “baghi”. Ele escreve:

“Ibn Khumman em comentalrio de Hidaya Fathul Khadir afirma que os escolalsticos declaram que um baghi E aquele que desobedece a um legitimo Imam. Imam Shafi em Kitab ul Umm afirma que baghi E aquele que luta contra o Adil Imam. Imam Malik declarou que E um dever lutar contra o Adil Imam (al Mudawanna)”. 15

A questao precisa ser levada em consideraçao. AlEm disso, deve-se lembrar do seguinte versiculo do Alcorao:

“O crentes! Obedeceis a Allah, a Seu Mensageiro e aos dotados de autoridade dentre vOs”.

Esse versiculo nao deixa dúvida de que a obediência àqueles dotados de autoridade E equivalente à obediência a Allah (swt) e ao seu Profeta (s). Isso significa que desobediência ao Lider equivale à desobediência a Allah (swt) e ao Seu Profeta (s). Esse versiculo E absolutamente claro. Qualquer um que se rebelar contra um lider se transformaral num rebelde.

Agora as questões que devem ser feitas sao as seguintes:

• Imam Ali nao E contemplado por esse versiculo?

• Ele nao se contava entre aqueles “dotados de autoridade”?

• Nao E ele o quarto legitimo Califa?

• Muawia o obedeceu?

De acordo com as definições da Ahlul Sunnah a desobediência de Muawia para com o Imam Ali (as) faz dele um rebelde. Se isso nao fosse o bastante nOs ainda temos o hadith do Rasululah (s) a respeito de Hazrath Amar bin Yasir (ra).

Umm Salama narrou que o Mensageiro de Allah (que a paz esteja com ele) disse: “Um grupo de rebeldes mataral Amar”. 16

Ibn Sad tambEm registra que o Profeta (s) disse a Amar “Você seral morto por um grupo rebelde”. 17

Pode haver algo mais explicito do que esse hadith? Amar foi martirizado durante a Batalha de Siffin pelas forças de Muawia.

O falecido escolalstico Wahabi Maulana Sayyid Abul Ala Maududi escreve o seguinte nos seus comentalrios sobre Jihad:

“Havia alguns companheiros que estavam relutantes em participar na Jihad, uma vez que eles estavam inseguros a respeito de qual grupo era o da verdade e de qual era o da falsidade. Depois da morte de Amar Ibn Yasir a questao ficou clara.

E com base nisso que Abu Bakr bin Jasas escreve em Ahkam ul Quran, vol.3, p. 492: ‘Ali bin Abu Talib (ra) lutou contra um grupo rebelde. Ao lado dele estavam reconhecidos Sahaba que haviam participado em Badr, eles estavam corretos. O Profeta disse a Amar que um ‘grupo baghi o mataral’. Esse hadith E mutawatir e sahih, tanto que quando Abdullah bin Umar bin Aas disse isso para Muawia ele nao o refutou’. Allamah ibn Abdul Barr em al Istiab, vol. 2, p. 424 registra que o hadith ‘um grupo baghi mataral Amar’ E uma tradiçao mutawatir e sahih. Allamah Hafidh ibn Hajar em Isaba escreve no vol.2, p. 502 ‘Depois do assassinato de Amar ficou claro que a verdade estava com Ali e nisso a Ahlul Sunnah se tornou unânime, quando anteriormente predominava opiniões divergentes”. 18

Os hadiths e veredictos da Ahlul Sunnah sao bastante claros no sentido de que Muawia e sua gangue eram rebeldes. Esse fato E tao claro que o prOprio Abdullah ibn Umar se arrependeu de sua decisao de nao participar da batalha em Siffin atE poucos dias antes de morrer. Ibn Barr em al Istiab narra que Um Habib ibn Abi Sabith (ra) ouviu Abdullah ibn Umar dizer:

“Eu me arrependo de nao ter me juntado a Ali e de nao ter lutado contra o grupo rebelde”. Abi Barr bin Abi Jaham (ra) narra que ouviu Abdullah ibn Umar dizer “Eu nunca me arrependi de nada na minha vida afora o fato de nao ter lutado contra os rebeldes”. 19

Ibn Sad narrou que: “Hasan bin Thabit disse que Abdullah ibn Umar disse no seu leito de morte ‘O meu maior arrependimento na vida foi o fato de nao ter enfrentado o grupo rebelde’” 20

Com tao claras evidências, o veredicto do Alcorao, dos Sahabas e da prOpria Ulema Ahlul Sunnah, aqueles que ainda procuram manter a crença de que todos os companheiros devem ser venerados e que eles cometeram erros em Ijtihad caem profundamente num redemoinho de contradições. O exemplo perfeito dessa contradiçao fica evidente se nOs analisarmos os veredictos do escolalstico Wahabi, Sheik Naasir al-Aql, ao estabelecer o credo da Ahlul Sunnah wa al Jama’ah. Ele proclama orgulhosamente no prefalcio:

“Eles sao chamados Jama’ah porque eles sao aqueles que se reuniram em torno da verdade e nao dividiram a sua Religiao; eles se reuniram em torno de lideres legitimos e nao se rebelam contra eles; e eles seguem o consenso (ijma) dos Pios Predecessores dessa Ummah”. 21

Talvez o Sheik pudesse responder tambEm a seguinte pergunta: o Imam Ali (as) era um lider legitimo? E evidente que ele era. Ele E considerado o quarto Califa legitimo aos olhos da Ahlul Sunnah. Rebelar-se contra um lider legitimo, de acordo com al-Aql, tira você da Jama’ah. Os companheiros nao romperam o vinculo e se rebelaram contra o Imam Ali (as)?

Al-Aql esclarece essa delicada questao:

“Nao E permissivel se revoltar contra o governante muçulmano, exceto em casos em que ele manifeste incredulidade evidente (kufr buwaah), para qual exista uma prova decisiva de Allah com relaçao a isso”. 22

Talvez al-Aql pudesse lançar uma luz sobre se os companheiros seguiram esse exemplo. Afinal de contas, de acordo com os Wahabis, a orientaçao E obtida atravEs da aderência ao caminho deles. O Imam Ali (Deus me livre) demonstrou algum sinal de incredulidade evidente que justificasse tal revolta? Nenhum muçulmano pode sequer ter a audalcia de declarar isso. Desse modo, baseado em quê os companheiros se sentiram autorizados a se rebelar contra o Imam Ali? Quando al-Aql formula essa regra para legitimar os seus patrocinadores da familia Saudi, entao isso deve ser aplicado a todas as circunstâncias. Ele deixou claro que a rebeliao nao E licita. Seral que essa regra nao se aplica aos companheiros que se rebelaram contra o Imam Ali (as)? Ou seral que isso se aplica a todo mundo, com exceçao daqueles que lutaram contra o Imam Ali (as)?

Al-Aql E uma pessoa versada que estal muito bem informada dessas rebeliões contra o Imam Ali e do fato de que as mesmas estao em total contradiçao com o que ele estipula como sendo a senda da Ahlul Sunnah. Ao invEs de lançar dúvidas sobre os companheiros, ele tenta reescrever totalmente a histOria, afirmando:

“... os Khawaarji foram os primeiros a dividirem a Ummah pela espada e a se separarem da Jama’ah dos muçulmanos e dos seus lideres”. 23

Essa E uma extraordinalria revisao da histOria, visto que o primeiro grupo a se separar da Jama’ah e a desembainhar suas espadas contra o seu lider nao foram os Khawaarji. Seral que o “versado escolalstico” teve amnEsia em relaçao às duas batalhas anteriores contra o Imam Ali (as)? Por que al-Aql estal tentando negar a histOria quando isso E um fato inegalvel? A razao E porque E necessalrio definir essas batalhas como “diferenças” ao invEs de “separaçao” de modo a manter a crença de que os companheiros exerceram Ijtihad ao quebrarem o vinculo e ao lutarem contra o Imam Ali (as). Se al-Aql fosse de fato aplicar os veredictos por ele mesmo produzidos, entao todo o edificio do “Ijtihad dos companheiros” construido por ele e pelos seus predecessores se demoliria. O termo alrabe para separaçao E “iftiraaq” e E definido por al-Aql como:

“... fragmentaçao, que E desuniao, separaçao, cortar laços. E tambEm derivado do termo divergência e aberraçao. Dai (a expressao): dissociaçao daquilo que E fundamental ou do corpo unido.” 24

Agora que al-Aql definiu o termo separaçao, vamos nos aprofundar no seu significado:

“... opor-se a Ahlul Sunnah wal Jama’ah em qualquer um dos preceitos fundamentais da sua crença (aqaeda) E considerado separaçao (iftiraaq) e divisao da Jama’ah... e opor-se ao corpo unido dos muçulmanos e ao seu lider, naquilo concernente (as questões) de bem estar social (tambEm) E considerado divisao e separaçao da Jama’ah”. 25

Portanto, se opor a qualquer uma das crenças fundamentais da Ahlul Sunnah constitui separaçao da Jama’ah. Uma dessas crenças fundamentais de acordo com al-Aql aqui como anteriormente E que nao E permissivel insurgir-se contra um lider. Fazendo uma conclusao lOgica, se alguma pessoa violar essa regra, entao ela estaral quebrando um preceito fundamental da crença Ahlul Sunnah e, conseqüentemente, se separando da Jama’ah.

Aplicando a prOpria definiçao de separaçao feita por al-Aql, as primeiras pessoas que se separaram e levantaram espadas contra seus lideres foram os proeminentes companheiros como Talha, Zubair e Hazrath Aicha em Jamal. Depois disso Muawia fez a mesma coisa em Siffin. Os Khawaarj ao se rebelarem e ao desembainharem suas espadas contra Hazrath Ali (as) estavam apenas seguindo o precedente estabelecido pelos companheiros.

Seral que essas ações nao sugerem que a senda dos Salafis (pios predecessores), na verdade, nao consiste em permanecer na fileira da maioria, mas pelo contralrio, consiste em se dissociar dela, se rebelar e lutar contra o governo legitimo? Aqueles que se rebelaram contra o Imam Ali (as) nao podem ser definidos como os primeiros exemplos da Ahlul Sunnah, visto que eles se separaram da Jama’ah e lutaram contra o Califa legitimo. Eles atuaram contrariamente ao que al-Aql declarou ser a senda da Jama’ah.

(AlguEm poderal perguntar:) por que al-Aql nao quer aplicar separaçao aos primeiros grupos? Porque fazê-lo iral impedi-lo de manter a afirmaçao de que os companheiros cometeram erros em Ijtihad. Isso porque o prOprio al-Aql afirma que:

“Separaçao nunca E devido a Ijtihad e a boas intenções, e seus proponentes nunca sao recompensados; ao invEs disso, eles sao censurados e pecadores em todos os casos. Portanto, separaçao nunca ocorre senao em funçao de inovações ou de entrega a desejos e caprichos, ou mesmo devido uma degradante forma de imitaçao (taqlid mazmuun)”. 26

O que mais precisamos dizer? Se alguEm objetivamente aceitar os veredictos de al-Aql, fica evidente que os companheiros sao de fato culpados de se separarem da Jama’ah. Como ele mesmo diz, separaçao E um pecado que jamais seral recompensado, sendo que a defesa de Ijtihad nunca poderal ser aventada (nesses casos). Se como al-Aql afirma, você nunca pode utilizar a defesa de Ijtihad à separaçao da aqaeda da Ahlul Sunnah, em que base os escolalsticos da Ahlul Sunnah ainda insistem que as ações dos companheiros ao se separarem do Imam, rebelando-se e lutando contra ele, foram erros em Ijtihad pelos quais eles serao recompensados? Essa nao E uma clara contradiçao de crença?

Talvez os Wahabis pudessem responder a cada uma dessas perguntas na seguinte ordem:

E permissivel separar-se do seu lider?

Rebelar-se contra um lider constitui separaçao da Jama’ah?

Você pode justificar o ato de separar-se do seu lider baseando-se em Ijtihad pelo qual você seral recompensado?

Como fica entao a situaçao dos companheiros que se separaram e declararam guerra contra Hazrath Ali (as)?

A resposta para a primeira e a terceira pergunta seral um enfaltico NaO e para a segunda seral positiva. Uma vez que a quarta pergunta for trazida à baila o indagador, automaticamente, testemunharal confusao aparecer nas faces deles (os wahabis) seguido de uma explicaçao de erros em Ijtihad, uma explicaçao que curiosamente contradiz as três respostas anteriores. E nesse ponto que a pessoa racional poderal perceber a contradiçao Obvia que norteia esse conceito.
Durante a peregrinaçao de despedida, o Profeta (s) havia feito uma explicita instruçao, a saber, “Eu estou deixando para vOs duas coisas de peso, se vocês as seguirem jamais extraviar-se-ao. Elas sao o Alcorao e a minha Ahlul Bayt”. 27

Isso significa que aderência a Familia do Profeta (s) E compulsOrio a todos os muçulmanos em todas as circunstâncias. Em nenhum momento o Profeta (s) disse que seria legitimo lutar contra eles. Em nenhum momento ele declarou que aqueles que lutassem contra eles seriam recompensados porque estariam exercendo Ijtihad. Muito pelo contralrio, como podemos perceber na narraçao de Abu Bakr:

“Eu vi o Mensageiro de Deus montar uma tenda na qual ele colocou Ali, Faltima, Hassan e Hussain. Entao, ele declarou: ‘O Muçulmanos, eu estou em guerra contra qualquer um que esteja em guerra contra as pessoas dessa tenda. E eu estou em paz com aqueles que estejam em paz com eles. Eu sou amigo daqueles que sao amigos deles. Aquele que demonstra amor por eles deve ser uma pessoa de feliz ascendência e de bom nascimento. E ninguEm odial-los-al senao aqueles de ascendência desprezivel e de nascimento vil’”. 28

Existe uma instruçao mais explicita do que essa?

Aqueles que lutam contra eles estao, concomitantemente, lutando contra o Profeta (s). E possivel que lutar contra o Profeta seja considerado um erro em Ijtihad pelo qual os seus perpetradores serao recompensados?

De acordo com a prOpria admissao de Abu Bakr, lutar contra a Ahlul Bayt E a mesma coisa que lutar contra o Profeta (s). Desse modo, como o Ijtihad pode ser utilizado como uma escusa para aqueles que lutaram contra o Imam Ali (as)?

Alguns aderentes da escola de pensamento Wahabi/Nawasib procuram colocar o ônus da guerra sobre os ombros de Hazrath Ali (as) alegando que foi ele quem iniciou o conflito e que, portanto, seus oponentes nao estariam em guerra contra ele e sim defendendo a si prOprios. A nossa resposta a essa conclusao E clara. Quem quer que se oponha contra Hazrath Ali (as) estaral opondo-se contra o prOprio Profeta (s). Se o Imam Ali (as) declara guerra contra um grupo, o Profeta (s) tambEm estaral em guerra com tal grupo. Nao hal possibilidade de se tentar justificar o comportamento deles como erros em Ijtihad.

Nao hal dúvida alguma disso. O Profeta (s) deixou isso bastante claro no seguinte dito narrado por Zaid bin Arqan:

“O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçaos de Allah estejam com ele) disse em relaçao a Ali, Faltima, Hassan e Hussain (que Allah esteja satisfeito com todos eles): Eu estou em paz com aqueles contra os quais vocês façam a paz e estou em guerra com aqueles contra os quais vocês façam a guerra”. 29
Esse E um ponto extremamente interessante. Nao existe nenhum anal na histOria no qual qualquer um dos Sahaba que lutou contra o Imam Ali (as) tenha declarado que estaria exercendo Ijtihad equivocadamente e que mesmo assim seriam recompensados por isso. Isso nunca aconteceu. Isso tem sido formulado apenas pelos seus advogados.

Lembre-se que um advogado sO pode preparar uma defesa para um individuo com base nas fontes legislativas. Ele nao possui liberdade para formular uma defesa fora disso. Os estatutos legais na Jurisprudência Islâmica sao o Alcorao e a Sunnah, e como nOs jal comprovamos de forma inequivoca nesse artigo, nao existe nenhuma evidência nessas duas fontes que corrobore o argumento da legitimidade de se rebelar contra um lider sob a alegaçao de imunidade com base em Ijtihad.

Se os companheiros nunca declararam isso, baseado em que a Ulema Sunni o faz? Mas a realidade E que as suas prOprias contundentes confissões deixam claro que eles nao acreditavam que Allah (swt) os perdoaria.
Alhamdulillah, nao existe tal confusao dentro do Xiismo. NOs acreditamos piamente na Justiça e de que ninguEm estal acima da lei. O fato de um individuo ter visto o Profeta (s) nao lhe concede imunidade em relaçao aos seus atos futuros. Por que as ações de individuos cuja conduta viola o Alcorao e a Sunnah e causam fitnah na Ummah podem ser explicadas em termos de erros pelos quais eles serao recompensados?

Nao existe nenhuma evidência de tal proteçao no Alcorao. AlEm disso, existem hadith que confirmam que os companheiros iriam fazer inovações e seriam punidos categoricamente. Isso E o que nOs lemos em Sahih al-Bukhari:

“Alguns homens dentre meus companheiros virao atE a minha Fonte e serao expelidos dela, e (entao) eu vou dizer: ‘O Senhor (nosso), meus companheiros!’ E seral dito ‘Tu nao fazes nenhuma idEia do que eles inovaram depois que partiu: eles se tornaram apOstatas como desertores (revertidos do verdadeiro Islam)’”. 30

Esse E um hadith autêntico que confirma que alguns dos companheiros se tornariam apOstatas. Isso posto, onde fica a crença de que todos os companheiros sao justos e fidedignos?

Nao hal dúvida de que os companheiros merecem respeito por terem sentado na presença do Profeta (s). E, porEm, triste o fato de que quando nOs analisamos a histOria e os tralgicos eventos que se sucederam, os escolalsticos da Ahlul Sunnah afirmam que tais individuos devem ter os seus erros perdoados por conta do que eles sao e nao por conta do que eles fizeram!

O Livro de Allah E o nosso guia e mesmo assim os escolalsticos têm abandonado sua aplicabilidade quando diante de ações dos companheiros. Ibn Jauzi estava certo quando escreveu:

“Algumas pessoas seguem cegamente os seus lideres, o que E algo absolutamente incorreto, porque nOs devemos seguir o principio e nao o lider. Quando Harith bin Hauta perguntou a Hazrath Ali se Talha e Zubair podiam estar errados, ele respondeu: ‘Harith, você tem sido ludibriado, lembre-se que a verdade nao E reconhecida pelas pessoas; (ao contralrio) as pessoas E que sao reconhecidas pela verdade’”. 31
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1. Direitos Humanos no Islam, por Abul Ala Maududi, p. 35-36, publicado por Islamic Foundation, Reino Unido, 1976.

2. A FE Islâmica, por Sheik al-Saleh al-Uthaimin, traduzido por ar-Manih Hammad al-Juhani, p. 23.

3. ibid, p. 145, citando Muqqadimah, por Ibn Khaldun, p.172.

4. O Essencial Livro Hanafi de Fiqh, p. 29, por Qazi Thana Ulla, india

5. Sahih al Bukhari, verao alrabe-Inglês, vol. 9, hadith número198

6. Ihia Ulum-id-din, por Imam Ghazzal, vol.1, p. 143, traduçao inglesa por Maulana Fazlul Karim, Kitab Bhavan, india.

7. A vida do Califa Ali, por S. Abul Hasan Nadw, p. 187, citando al-Abqariat al-Islamiah, por Al-Aqad, p. 892.

8. A vida do Califa Ali, por S. Abul Hasan Nadwi, p. 145, citando Muqadimah, por Ibn Khaldun, p. 162.

9. Os preceitos gerais da Ahlul Sunnah wal Jama’ah, por Sheik Naasir al-Aq, pp. 34-35, traduçao inglesa por Abu Aaliah Surkhil ibn Anwar Sharif, publicado por Mensagem do Islam.

10. Murtada ki Saza, pp. 24-25, ediçao Karachi, 1954

11. A vida do Califa Ali, por S. Abul Hasan Nadwi, p. 193, citando Shah Waliyullah Izalatul Khifa, pp. 278-280

12. Sahih al-Bukhari, versao alrabe-Inglês, vol. 9,hadith número 127.

13. A vida do Califa Ali, por S. Abul Hasan Nadwi, p.75 & ibid, p. 175.

14. Kanz al Ummal, por Ali Muttaqi al Hind, citando Ibn Asakir, hadith, número 32970.

15. Tafhim ul Quran, por Sayyid Abul Ala Maududi, vol. 5, p. 80

16. Sahih Muslim, versao alrabe-Inglês, vol. 4, cap. MCCV, Tradiçao #6970.

17. Tabaqat, por Ibn Sad, vol. 3, p. 252.

18. Al Khilafath aur Mulukiath, por Sayyid Abul Ala Maududi, pp. 136-138.

19. Al Istiab, por Ibn Barr, vol. 3, p. 83

20. Tabaqat, por Ibn Sad, vol. 4, p. 187.

21. Os Preceitos Gerais da Ahlul Sunnah wal Jama’ah, por Sheik Naasir al-Aql, p. 12, traduçao inglesa por Abu Aaliah Surkhil ibn Anwar Sharif, publicado por Mensagem do Islam.

22. Ibid, p. 34, traduçao inglesa por Abu Aaliah Surkhil ibn Anwar Sharif, publicado por Mensagem do Islam.

23. Ibid, p. 44.

24. Ibid, p. 42.

25. Ibid, p. 43.

26. Ibid, p. 47.

27. Sahih al-Tirmizi, vol. 5, pp. 662-663.

28. Abu Jafar Ahamad al-Muhibb al-Tabari, al-Riyad al-nadira (Cairo) vol.2, p.199.

29. Sunan Ibn-I-Majah, traduçao inglesa por Muhammad Tufail Ansari, vol.1, p. 81.

30. Sahih al-Bukhari, versao alrabe-Inglês, vol. 8, hadith número 586.

31. Talbis ul Iblis, por Ibn Jauz.